Campanhas marcantes como “É o amor”, da Sazon, mostram o poder da conexão emocional. E se usássemos esse impacto para destacar o leite? Vamos explorar!
Estudando algumas ações de marketing antigas vi um grande destaque para a campanha “É o amor” lançada pela Ajinomoto para promover uma de suas marcas, a Sazon, no início dos anos 90. A campanha foi memorável e criou um jargão que o que faltava na comida era amor, sendo sacramentada com a imagem da vovó risonha e amorosa da campanha falando isso. Note a audácia (perdão pela palavra!) em trazer uma figura maternal somada aos ícones românticos do momento, Zezé de Camargo e Luciano para vender um tempero pronto. “É o amor” associou a um pozinho toda a carreta de sentimentos nobres humanos ligados a família e as reuniões ao redor de uma mesa. Podemos atribuir valores e conceitos a qualquer coisa, inclusive alimentos.
Esses dias, fiquei intrigada com uma nutricionista dizendo assim: “uma bolacha pode ser lixo, mas pode ser presente, afeto, lembrança da infância, pausa, recompensa, uma trégua na vida pesada” e é disso que estou falando. Um tempero em pó pode ser veneno, mas pode ser amor, uma bolacha pode ser gordura trans, mas pode ser lembrança.
O leite nisso tudo, meu caro amigo, pode ser muito mais, porque ele já está na prateleira mental dos produtos infantis e nutritivos, precisamos apenas relembrar e relembrar e relembrar nosso consumidor disso. Precisamos todos os dias falar para nosso consumidor que a vida está ganhando um peso difícil de carregar mas que ele pode ter uma folga abrindo uma caixinha de leite. Como?
Primeiro, precisamos falar com nosso consumidor de alguma maneira. Há muitos canais para isso e que podem ser usados com maestria. Desde o rótulo, até experiências com a marca ou mesmo redes sociais. Essa última, cabe o adendo de dizer que está cada vez mais promovendo marcas que tem o que dizer e que estão a fim de se conectar com a pessoa do outro lado da tela, de forma genuína.
Além de começar a falar é preciso persuadir. E persuadir é uma arte. Persuadir é mostrar que o queijo vale a pena, mas nesse caso sem falar escrachadamente que vale a pena. É fazer com que o consumidor conclua por si que aquela é uma boa opção. É possível fazer isso de maneira leve e ética. Campanhas como “É o amor” são uma forma de persuasão, pense, ninguém argumentou os atributos do tempero, a quantidade de sal, o sabor do tempero e sim que aquele conteúdo é o segredo da comida saborosa, é o amor. Que audácia a deles. Que audácia que não temos.
Precisamos tomar posse dos produtos que produzimos em nossas fazendas com tantas histórias bonitas e reais. De pessoas que vivem por suas vacas e que dão conforto a elas antes de si mesmos. Apenas isso já seria subsídio para um argumento fortíssimo e cheio de sentimentos bonitos ao cliente final. E para além disso temos toda a qualidade nutricional que nosso produto oferece, sabor, tradição, enfim.
Ver campanhas geniais sempre traz esse sentimento de “Puts, como eu não tive essa ideia antes” mas vamos para além dessa frustração que beira a inveja (do tipo sadia), por que não desafiamos mais nossos próprios conceitos de comunicação com o consumidor? Por que continuamos sendo tão conservadores?
Texto originalmente publicado em www.milkpoint.com.br
Autora: Hayla da Silva Fernandes